terça-feira, 30 de setembro de 2008

Todo recomeco vem do final de um outro comeco

Todo recomeco vem do final de um outro comeco
E pra quem acha que eu só erro... conferir 400, sim, qua-tro-cen-tos, pares de sapatos um por um para chegar no final e saber de novo que estava tudo errado. Sim, esse foi meu dia. Eta semana difícil. MAS, dessa vez a culpa não foi minha. Pelo menos dessa vez. O tiozinho explicou lá que o cliente era chato, que tinha que conferir o pedido de 400 um por um (ou seja oitocentas unidades de pisantes de seguranca) e que a conferencia consistia em verificar o número e qualidade da etiqueta e só.
Eu já estava conferindo também, por pura desconfianca minha, a numeracao.
Chegando no último lote de saptos, depois de hoooooras passadas, unhas destruídas, maos calejadas e com cortezinhos das caixas, bracos e costas doloridas (porque eu tinha que carregar eles pra lá e pra cá tambem) percebo eu que um par não possuía a mesma palmilha dos demais. Fui perguntar. Ninguém me falou sobre palmilhas, NINGUÉM. E foi exatamente isso que ouvi: “ai, eu não te disse nada né?” Pelo visto ninguem sabia que existia essa possibilidade de modelos antigos no meio dos novos “empalmilhados” modernamente.
Pior foi que depois ouvi: “porque tu não veio antes”, minha resposta foi COMO É QUE EU IA SABER??? Pelo menos vi o furo, quase que ia ser enviado assim mesmo e depois o rolo que ia dar... ui, e comigo no meio. Aí ouvi os deboches e um boa sorte para o recomeco da contagem...
Nao gosto de palmilhas e não gosto de cadarcos, mas gosto de etiquetas. Palmilhas se escondem e dao trabalho, cadarcos não tem código de barras para eu scannear, mas etiquetas encerram a remessa.

Perrengues trabalhistas

Está comprovado cientificamente, através de teoria e prática, que discutir com algém e contar (falo de números) é funcao quase que exclusiva e muito difícil de ser substituída e/ou alterada da língua materna. Ou seja, agredir e soltar uns palavroes e contar, somar, subtrair, dividir e o caralho a quatro vai sempre migrar pro lado do cérebro (no meu caso) onde está o portugues. Ainda mais quando necessário lidar com contagens de dezenas invertidas e algarismos intermináveis que alternam entre os ordinais e cardiais.
Na minha evolucao de desempenho de tarefas, fui mandada fazer o inventario de tres interminaveis corredores de caixinhas coloridas, amontoadas de sapatos, aguardando um pouco de reconhecimento e atencao. Recebi a folhinha quadriculada (que me lembrava mais um jogo de batalha naval) com espaco para escrever o modelo dos calcados e casinhas com a numeracao do trinta e cinco ao quarenta e nove ou do fünfunddreißig até neunundvierzig.
Auf Deutsch me explicaram como fazer a contagem (de acordo com a divisao de pacotes e numeros de caixas contidas em cada um... caixas menores ficam em maior quantidade e maiores em menor, obviamente). Me esclareceram também sobre a importancia (e pelo jeito que falavam era um erro quase letal) de não fazer uma contagem exata. Peguei minha prancheta e me preparei para hoooooras de contagem, exigindo de mim a maior atencao que já não é lá das minhas qualidades mais admiráveis.
Acontece que era de tao crucial importancia o inventário que me disseram, ainda, que ele era feito entre duas pessoas, para garantia de acerto. Foi entao que REALMENTE comecaram meus problemas.
Sou obrigada agora a voltar ao mês em que cheguei aqui na Alemanha e fui convidada para a festa anual da empresa. Lá estava um funcionário embriagadérrimo que alugou a mulher do meu chefe (e ela sem perder a pose teve de dancar com o dito cujo), além de mim e das outras brasileiras que estavam aqui. A pessoa era tao sem nocao que chegou a me xingar, dizendo que eu não sabia dancar e cospindo palavras ou xingamentos alemaes na minha cara quando não foi possível entender que na verdade ele que não estava agradando e NINGUEM queria dancar.
Depois de iniciada minha rotina de trabalho, descobri que o senhor trabalha no depósito, e ao sair do trabalho todos os dias vai direto beber sua cervejinha que (atencao aos que pensam que tomar uma ou outra TODO dia não faz mal) o faz tremer incessantemente e me arrepia da cabeca aos pés. Triste, eu sei.
Mas triste mesmo foi quando escalaram o tal sujeito pra ser a minha “dupla” na contagem. Eu sozinha faria com calma, ia demorar eu sei, mas se devagar e sempre eh o ditado em portugues, descobri que em alemao eh devagar e certo (e isso é verdade!).
Eis que ele comecou num tal de numeros ordinais usando só o segundo dígito da dezena dos tamanhos e cardiais para a quantidade numa velocidade de soma que me levou a ter que optar entre tentar contar junto ou anotar os resultados. Saí anotando. Era um tal de “nullereinmalhundertplussiebenundzwansigplusfünfzigeinhundertsiebenundsiebzig” e em seguida emendava outro. Por tudo que só não sentei e chorei num primeiro momento porque quase me mijei num segundo.
Acabada a contagem veio o colega responsável fazer um “teste”. Não podia dar outra: tres conferes e tres erros. Contar tudo de novo. Reiniciamos e fomos ate a metade, dessa vez eu tentando emendar o raciocinio ou contar alto em portugues pra ver se dava jeito. Chegamos até a metade e fui chamada de volta ao escritório... outras coisas pra fazer e pá e tal.
Hoje de manha eu cheguei e tive que ouvir que havia mais de dois erros em cada página e que isso era pior do que ruim e bla bla bla. Haja... Se alguém tiver os resultados desses estudos traduzidos na lingua germanica (de preferencia adaptando ao fator adicional de um elemento “atrapalhativo” naquilo que já é prticamente impossível de ser feito) favor enviar EM CARÁTER DE URGENCIA!
Zentausandachthundertdreiundfünfzigkommafünfundzwanzig pra eles também.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

De passagem

Eis que acabaram minhas férias. Sim, eu estava de férias e por isso fiquei um tempo afastada dos meus ecritos (vou culpar nas férias e nao no fato de novamente nao ter internet em casa, nem office, na verdade depenei o computador – já virou piada, eu versus a tecnologia, é um jogo muito desleal).
Depois de 20 dias de visita da minha mama, muitas risadas, passeios, alguns sustos e atrapalhacoes, cervejinhas, e alguuuuuuumas horas dentro do carro atravessando pra lá e pra cá (muito bem acompanhadas, diga-se de passagem, pela Dona Ge e pelo seu Marcelo - e essa ainda vai render, mas preciso de tempo pra escrever) volto eu a bancar de gente grande, trabalhar um pouco e retomar o Deutsch, afinal foi isso que vim fazer aqui … nao?
Nesse meu primeiro dia, de volta à essa rotina que me mata, tive a notícia de que haverá uma feira em Hamburgo (acho eu que eh Hamburgo) de 7 a 10 de outubro. A empresa vai participar. Eu fui convidada. Vou junto.
Falando em ir, está acabando meu tempo de acesso…. Fui…

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Título nada a ver: e tudo o que eu queria era conseguir pensar em uma coisa por vez

Como disse a Cami (e muit bem dito): "deve ser muito difícil ser tu, com tanta indecisao". Se é.
Mas... decidi ser uma pessoa mais mao aberta, aproveitar alguns servicos e comprar alguns bens. Nada superficial, obviamente. Somente aquilo que eh necessário e/ou vale a pena.
Descobri entao um batom que supostamente teria duracao de 16 horas, resistente à tudo: refeicoes, pepel, toalha, creme, beijo, banho e por aí afora.
Desde quando eu era crianca até o meio da minha adolescencia, batom era fundamental no meu “look” (desastroso) diário. Depois fui para os olhos e deixei a boca meio de lado - até porque pra ficar retocando eu nao tenho saco.
Inventei de querer um batom desses modernosos, mas e o custo? 10 euros. Ui!
Nao tinha como comprar sem fazer um teste.
Cheguei na loja, larguei a bolsa no chao, arranquei uma folha do meu bloquinho e me coloquei a postos para a „experimentacao“. As primeiras duas cores eu coloquei e tirei correndo. A boca já ficou beeeemmm marcada, mas ainda tentei encarar uma terceira: HORROSA-NÍVEL-MEDO.
Aí nao teve mais jeito. “Experimentou, grudou”. O negócio fixou de uma forma que realmente nao teve o que fizesse sair. Passei papel, esfreguei com a mao, fui pra casa, lavei, tomei banho, dormi e hoje trabalho assustando os coleguinhas e causando algumas risadas.
Resultado: nao comprei o batom, como vou saber que cor me agrada?Mas pensando bem, serve ao que se presta e se pá ainda compro. Vai depender de quantos dias eu ficar aqui. A cada dia da semana passo na loja e experimento um, sei que estou sujeita a drásticos problemas de aparencia, mas qualquer coisa digo que é a moda no Brasil e pros daí eu digo que eh meu novo look europeu. uuuhhhhhhhh

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Como dona de casa sou uma ótima amiga

Nao seguindo uma linha cronológica “correta” (o que eh muito relativo, assim como nosso entendimento do tempo – ao meu ver) voltemos ao sábado. Decidi preparar a casa para receber a minha mae. Uma senhora pra lá de caprichosa na limpeza, pra dizer o mínimo, extremamente asseada. E é minha mae; dizem.... E já aproveitar para impressionar o alemao.
Peguei o aspirador de pó, vassoura, balde com água e desinfetante e até um pano de chao - isso que a casa já estava em ordem, só tinha um “grosso” mesmo pra tirar. Me botei a limpar, aspirei os tapetes estrategicamente distribuídos pelo apartamento, varri cabelo, pó e afins, lavei o piso frio e tirei as manchas da cozinha. Até a Cami entrou na roda e deu uma aspirada.
Seguimos nosso dia, tomando banho de sol (pasmem, foi verao na Alemanha – pelo menos por um final de semana – eu eu tenho um terraaaaaaco, que felicidaaaaade, literalmente firmo).
Aparecendo o alemao, a primeira coisa que diz: “precisamos dar uma limpada na casa amanha, neh?”. Ah was?!? Tentei explicar que eu tinha limpado o chao e tal (só nao limpei o quarto dele, obviamente), mas ou ele nao entendeu ou fui ignorada solenemente.
Depois as mulheres que sao difíceis de entender, quando na verdade ELES nao enxergam nada do que a gente faz pra agradar.
Assino eu, uma dona de casa vaiada.

P.s.: ele de fato cobrou a faxina de Domingo.