Todo recomeco vem do final de um outro comeco
E pra quem acha que eu só erro... conferir 400, sim, qua-tro-cen-tos, pares de sapatos um por um para chegar no final e saber de novo que estava tudo errado. Sim, esse foi meu dia. Eta semana difícil. MAS, dessa vez a culpa não foi minha. Pelo menos dessa vez. O tiozinho explicou lá que o cliente era chato, que tinha que conferir o pedido de 400 um por um (ou seja oitocentas unidades de pisantes de seguranca) e que a conferencia consistia em verificar o número e qualidade da etiqueta e só.
Eu já estava conferindo também, por pura desconfianca minha, a numeracao.
Chegando no último lote de saptos, depois de hoooooras passadas, unhas destruídas, maos calejadas e com cortezinhos das caixas, bracos e costas doloridas (porque eu tinha que carregar eles pra lá e pra cá tambem) percebo eu que um par não possuía a mesma palmilha dos demais. Fui perguntar. Ninguém me falou sobre palmilhas, NINGUÉM. E foi exatamente isso que ouvi: “ai, eu não te disse nada né?” Pelo visto ninguem sabia que existia essa possibilidade de modelos antigos no meio dos novos “empalmilhados” modernamente.
Pior foi que depois ouvi: “porque tu não veio antes”, minha resposta foi COMO É QUE EU IA SABER??? Pelo menos vi o furo, quase que ia ser enviado assim mesmo e depois o rolo que ia dar... ui, e comigo no meio. Aí ouvi os deboches e um boa sorte para o recomeco da contagem...
Nao gosto de palmilhas e não gosto de cadarcos, mas gosto de etiquetas. Palmilhas se escondem e dao trabalho, cadarcos não tem código de barras para eu scannear, mas etiquetas encerram a remessa.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Perrengues trabalhistas
Está comprovado cientificamente, através de teoria e prática, que discutir com algém e contar (falo de números) é funcao quase que exclusiva e muito difícil de ser substituída e/ou alterada da língua materna. Ou seja, agredir e soltar uns palavroes e contar, somar, subtrair, dividir e o caralho a quatro vai sempre migrar pro lado do cérebro (no meu caso) onde está o portugues. Ainda mais quando necessário lidar com contagens de dezenas invertidas e algarismos intermináveis que alternam entre os ordinais e cardiais.
Na minha evolucao de desempenho de tarefas, fui mandada fazer o inventario de tres interminaveis corredores de caixinhas coloridas, amontoadas de sapatos, aguardando um pouco de reconhecimento e atencao. Recebi a folhinha quadriculada (que me lembrava mais um jogo de batalha naval) com espaco para escrever o modelo dos calcados e casinhas com a numeracao do trinta e cinco ao quarenta e nove ou do fünfunddreißig até neunundvierzig.
Auf Deutsch me explicaram como fazer a contagem (de acordo com a divisao de pacotes e numeros de caixas contidas em cada um... caixas menores ficam em maior quantidade e maiores em menor, obviamente). Me esclareceram também sobre a importancia (e pelo jeito que falavam era um erro quase letal) de não fazer uma contagem exata. Peguei minha prancheta e me preparei para hoooooras de contagem, exigindo de mim a maior atencao que já não é lá das minhas qualidades mais admiráveis.
Acontece que era de tao crucial importancia o inventário que me disseram, ainda, que ele era feito entre duas pessoas, para garantia de acerto. Foi entao que REALMENTE comecaram meus problemas.
Sou obrigada agora a voltar ao mês em que cheguei aqui na Alemanha e fui convidada para a festa anual da empresa. Lá estava um funcionário embriagadérrimo que alugou a mulher do meu chefe (e ela sem perder a pose teve de dancar com o dito cujo), além de mim e das outras brasileiras que estavam aqui. A pessoa era tao sem nocao que chegou a me xingar, dizendo que eu não sabia dancar e cospindo palavras ou xingamentos alemaes na minha cara quando não foi possível entender que na verdade ele que não estava agradando e NINGUEM queria dancar.
Depois de iniciada minha rotina de trabalho, descobri que o senhor trabalha no depósito, e ao sair do trabalho todos os dias vai direto beber sua cervejinha que (atencao aos que pensam que tomar uma ou outra TODO dia não faz mal) o faz tremer incessantemente e me arrepia da cabeca aos pés. Triste, eu sei.
Mas triste mesmo foi quando escalaram o tal sujeito pra ser a minha “dupla” na contagem. Eu sozinha faria com calma, ia demorar eu sei, mas se devagar e sempre eh o ditado em portugues, descobri que em alemao eh devagar e certo (e isso é verdade!).
Eis que ele comecou num tal de numeros ordinais usando só o segundo dígito da dezena dos tamanhos e cardiais para a quantidade numa velocidade de soma que me levou a ter que optar entre tentar contar junto ou anotar os resultados. Saí anotando. Era um tal de “nullereinmalhundertplussiebenundzwansigplusfünfzigeinhundertsiebenundsiebzig” e em seguida emendava outro. Por tudo que só não sentei e chorei num primeiro momento porque quase me mijei num segundo.
Acabada a contagem veio o colega responsável fazer um “teste”. Não podia dar outra: tres conferes e tres erros. Contar tudo de novo. Reiniciamos e fomos ate a metade, dessa vez eu tentando emendar o raciocinio ou contar alto em portugues pra ver se dava jeito. Chegamos até a metade e fui chamada de volta ao escritório... outras coisas pra fazer e pá e tal.
Hoje de manha eu cheguei e tive que ouvir que havia mais de dois erros em cada página e que isso era pior do que ruim e bla bla bla. Haja... Se alguém tiver os resultados desses estudos traduzidos na lingua germanica (de preferencia adaptando ao fator adicional de um elemento “atrapalhativo” naquilo que já é prticamente impossível de ser feito) favor enviar EM CARÁTER DE URGENCIA!
Zentausandachthundertdreiundfünfzigkommafünfundzwanzig pra eles também.
Na minha evolucao de desempenho de tarefas, fui mandada fazer o inventario de tres interminaveis corredores de caixinhas coloridas, amontoadas de sapatos, aguardando um pouco de reconhecimento e atencao. Recebi a folhinha quadriculada (que me lembrava mais um jogo de batalha naval) com espaco para escrever o modelo dos calcados e casinhas com a numeracao do trinta e cinco ao quarenta e nove ou do fünfunddreißig até neunundvierzig.
Auf Deutsch me explicaram como fazer a contagem (de acordo com a divisao de pacotes e numeros de caixas contidas em cada um... caixas menores ficam em maior quantidade e maiores em menor, obviamente). Me esclareceram também sobre a importancia (e pelo jeito que falavam era um erro quase letal) de não fazer uma contagem exata. Peguei minha prancheta e me preparei para hoooooras de contagem, exigindo de mim a maior atencao que já não é lá das minhas qualidades mais admiráveis.
Acontece que era de tao crucial importancia o inventário que me disseram, ainda, que ele era feito entre duas pessoas, para garantia de acerto. Foi entao que REALMENTE comecaram meus problemas.
Sou obrigada agora a voltar ao mês em que cheguei aqui na Alemanha e fui convidada para a festa anual da empresa. Lá estava um funcionário embriagadérrimo que alugou a mulher do meu chefe (e ela sem perder a pose teve de dancar com o dito cujo), além de mim e das outras brasileiras que estavam aqui. A pessoa era tao sem nocao que chegou a me xingar, dizendo que eu não sabia dancar e cospindo palavras ou xingamentos alemaes na minha cara quando não foi possível entender que na verdade ele que não estava agradando e NINGUEM queria dancar.
Depois de iniciada minha rotina de trabalho, descobri que o senhor trabalha no depósito, e ao sair do trabalho todos os dias vai direto beber sua cervejinha que (atencao aos que pensam que tomar uma ou outra TODO dia não faz mal) o faz tremer incessantemente e me arrepia da cabeca aos pés. Triste, eu sei.
Mas triste mesmo foi quando escalaram o tal sujeito pra ser a minha “dupla” na contagem. Eu sozinha faria com calma, ia demorar eu sei, mas se devagar e sempre eh o ditado em portugues, descobri que em alemao eh devagar e certo (e isso é verdade!).
Eis que ele comecou num tal de numeros ordinais usando só o segundo dígito da dezena dos tamanhos e cardiais para a quantidade numa velocidade de soma que me levou a ter que optar entre tentar contar junto ou anotar os resultados. Saí anotando. Era um tal de “nullereinmalhundertplussiebenundzwansigplusfünfzigeinhundertsiebenundsiebzig” e em seguida emendava outro. Por tudo que só não sentei e chorei num primeiro momento porque quase me mijei num segundo.
Acabada a contagem veio o colega responsável fazer um “teste”. Não podia dar outra: tres conferes e tres erros. Contar tudo de novo. Reiniciamos e fomos ate a metade, dessa vez eu tentando emendar o raciocinio ou contar alto em portugues pra ver se dava jeito. Chegamos até a metade e fui chamada de volta ao escritório... outras coisas pra fazer e pá e tal.
Hoje de manha eu cheguei e tive que ouvir que havia mais de dois erros em cada página e que isso era pior do que ruim e bla bla bla. Haja... Se alguém tiver os resultados desses estudos traduzidos na lingua germanica (de preferencia adaptando ao fator adicional de um elemento “atrapalhativo” naquilo que já é prticamente impossível de ser feito) favor enviar EM CARÁTER DE URGENCIA!
Zentausandachthundertdreiundfünfzigkommafünfundzwanzig pra eles também.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
De passagem
Eis que acabaram minhas férias. Sim, eu estava de férias e por isso fiquei um tempo afastada dos meus ecritos (vou culpar nas férias e nao no fato de novamente nao ter internet em casa, nem office, na verdade depenei o computador – já virou piada, eu versus a tecnologia, é um jogo muito desleal).
Depois de 20 dias de visita da minha mama, muitas risadas, passeios, alguns sustos e atrapalhacoes, cervejinhas, e alguuuuuuumas horas dentro do carro atravessando pra lá e pra cá (muito bem acompanhadas, diga-se de passagem, pela Dona Ge e pelo seu Marcelo - e essa ainda vai render, mas preciso de tempo pra escrever) volto eu a bancar de gente grande, trabalhar um pouco e retomar o Deutsch, afinal foi isso que vim fazer aqui … nao?
Nesse meu primeiro dia, de volta à essa rotina que me mata, tive a notícia de que haverá uma feira em Hamburgo (acho eu que eh Hamburgo) de 7 a 10 de outubro. A empresa vai participar. Eu fui convidada. Vou junto.
Falando em ir, está acabando meu tempo de acesso…. Fui…
Depois de 20 dias de visita da minha mama, muitas risadas, passeios, alguns sustos e atrapalhacoes, cervejinhas, e alguuuuuuumas horas dentro do carro atravessando pra lá e pra cá (muito bem acompanhadas, diga-se de passagem, pela Dona Ge e pelo seu Marcelo - e essa ainda vai render, mas preciso de tempo pra escrever) volto eu a bancar de gente grande, trabalhar um pouco e retomar o Deutsch, afinal foi isso que vim fazer aqui … nao?
Nesse meu primeiro dia, de volta à essa rotina que me mata, tive a notícia de que haverá uma feira em Hamburgo (acho eu que eh Hamburgo) de 7 a 10 de outubro. A empresa vai participar. Eu fui convidada. Vou junto.
Falando em ir, está acabando meu tempo de acesso…. Fui…
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Título nada a ver: e tudo o que eu queria era conseguir pensar em uma coisa por vez
Como disse a Cami (e muit bem dito): "deve ser muito difícil ser tu, com tanta indecisao". Se é.
Mas... decidi ser uma pessoa mais mao aberta, aproveitar alguns servicos e comprar alguns bens. Nada superficial, obviamente. Somente aquilo que eh necessário e/ou vale a pena.
Descobri entao um batom que supostamente teria duracao de 16 horas, resistente à tudo: refeicoes, pepel, toalha, creme, beijo, banho e por aí afora.
Desde quando eu era crianca até o meio da minha adolescencia, batom era fundamental no meu “look” (desastroso) diário. Depois fui para os olhos e deixei a boca meio de lado - até porque pra ficar retocando eu nao tenho saco.
Inventei de querer um batom desses modernosos, mas e o custo? 10 euros. Ui!
Nao tinha como comprar sem fazer um teste.
Cheguei na loja, larguei a bolsa no chao, arranquei uma folha do meu bloquinho e me coloquei a postos para a „experimentacao“. As primeiras duas cores eu coloquei e tirei correndo. A boca já ficou beeeemmm marcada, mas ainda tentei encarar uma terceira: HORROSA-NÍVEL-MEDO.
Aí nao teve mais jeito. “Experimentou, grudou”. O negócio fixou de uma forma que realmente nao teve o que fizesse sair. Passei papel, esfreguei com a mao, fui pra casa, lavei, tomei banho, dormi e hoje trabalho assustando os coleguinhas e causando algumas risadas.
Resultado: nao comprei o batom, como vou saber que cor me agrada?Mas pensando bem, serve ao que se presta e se pá ainda compro. Vai depender de quantos dias eu ficar aqui. A cada dia da semana passo na loja e experimento um, sei que estou sujeita a drásticos problemas de aparencia, mas qualquer coisa digo que é a moda no Brasil e pros daí eu digo que eh meu novo look europeu. uuuhhhhhhhh
Mas... decidi ser uma pessoa mais mao aberta, aproveitar alguns servicos e comprar alguns bens. Nada superficial, obviamente. Somente aquilo que eh necessário e/ou vale a pena.
Descobri entao um batom que supostamente teria duracao de 16 horas, resistente à tudo: refeicoes, pepel, toalha, creme, beijo, banho e por aí afora.
Desde quando eu era crianca até o meio da minha adolescencia, batom era fundamental no meu “look” (desastroso) diário. Depois fui para os olhos e deixei a boca meio de lado - até porque pra ficar retocando eu nao tenho saco.
Inventei de querer um batom desses modernosos, mas e o custo? 10 euros. Ui!
Nao tinha como comprar sem fazer um teste.
Cheguei na loja, larguei a bolsa no chao, arranquei uma folha do meu bloquinho e me coloquei a postos para a „experimentacao“. As primeiras duas cores eu coloquei e tirei correndo. A boca já ficou beeeemmm marcada, mas ainda tentei encarar uma terceira: HORROSA-NÍVEL-MEDO.
Aí nao teve mais jeito. “Experimentou, grudou”. O negócio fixou de uma forma que realmente nao teve o que fizesse sair. Passei papel, esfreguei com a mao, fui pra casa, lavei, tomei banho, dormi e hoje trabalho assustando os coleguinhas e causando algumas risadas.
Resultado: nao comprei o batom, como vou saber que cor me agrada?Mas pensando bem, serve ao que se presta e se pá ainda compro. Vai depender de quantos dias eu ficar aqui. A cada dia da semana passo na loja e experimento um, sei que estou sujeita a drásticos problemas de aparencia, mas qualquer coisa digo que é a moda no Brasil e pros daí eu digo que eh meu novo look europeu. uuuhhhhhhhh
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Como dona de casa sou uma ótima amiga
Nao seguindo uma linha cronológica “correta” (o que eh muito relativo, assim como nosso entendimento do tempo – ao meu ver) voltemos ao sábado. Decidi preparar a casa para receber a minha mae. Uma senhora pra lá de caprichosa na limpeza, pra dizer o mínimo, extremamente asseada. E é minha mae; dizem.... E já aproveitar para impressionar o alemao.
Peguei o aspirador de pó, vassoura, balde com água e desinfetante e até um pano de chao - isso que a casa já estava em ordem, só tinha um “grosso” mesmo pra tirar. Me botei a limpar, aspirei os tapetes estrategicamente distribuídos pelo apartamento, varri cabelo, pó e afins, lavei o piso frio e tirei as manchas da cozinha. Até a Cami entrou na roda e deu uma aspirada.
Seguimos nosso dia, tomando banho de sol (pasmem, foi verao na Alemanha – pelo menos por um final de semana – eu eu tenho um terraaaaaaco, que felicidaaaaade, literalmente firmo).
Aparecendo o alemao, a primeira coisa que diz: “precisamos dar uma limpada na casa amanha, neh?”. Ah was?!? Tentei explicar que eu tinha limpado o chao e tal (só nao limpei o quarto dele, obviamente), mas ou ele nao entendeu ou fui ignorada solenemente.
Depois as mulheres que sao difíceis de entender, quando na verdade ELES nao enxergam nada do que a gente faz pra agradar.
Assino eu, uma dona de casa vaiada.
P.s.: ele de fato cobrou a faxina de Domingo.
Peguei o aspirador de pó, vassoura, balde com água e desinfetante e até um pano de chao - isso que a casa já estava em ordem, só tinha um “grosso” mesmo pra tirar. Me botei a limpar, aspirei os tapetes estrategicamente distribuídos pelo apartamento, varri cabelo, pó e afins, lavei o piso frio e tirei as manchas da cozinha. Até a Cami entrou na roda e deu uma aspirada.
Seguimos nosso dia, tomando banho de sol (pasmem, foi verao na Alemanha – pelo menos por um final de semana – eu eu tenho um terraaaaaaco, que felicidaaaaade, literalmente firmo).
Aparecendo o alemao, a primeira coisa que diz: “precisamos dar uma limpada na casa amanha, neh?”. Ah was?!? Tentei explicar que eu tinha limpado o chao e tal (só nao limpei o quarto dele, obviamente), mas ou ele nao entendeu ou fui ignorada solenemente.
Depois as mulheres que sao difíceis de entender, quando na verdade ELES nao enxergam nada do que a gente faz pra agradar.
Assino eu, uma dona de casa vaiada.
P.s.: ele de fato cobrou a faxina de Domingo.
Assinar:
Postagens (Atom)