terça-feira, 19 de agosto de 2008

“La vamos nois tra vez”

Rebobina: Eu havia desfeito as malas, mas empacotei tudo de novo, refiz a chegada nessa cidade e “redesfiz” (uuuuhhh) as malas. Hoje faz exatamente uma semana que me mudei. Sai do meio do nada e moro perto do centro da cidade e mais perto do meu trabalho. Esquecamos a funcao trem, bonde, metro… agora eh so um bonde mesmo, pratico e tranquilo (nao fossem as 10.853,25 criancas, saidas nao sei de onde apos o periodo de ferias, que entram toda manha e perturbam meu cochilo matinal de bater-cabeca-na-janela – quem ja dormiu no onibus sabe bem como eh).
Para o centro basta uma pernadinha mesmo, talvez uns dez minutos resolvam.
Eu agora moro em um apartamento que divido com um alemao ate o meio de setembro, depois volta um segundo que pelo que entendi esta de ferias. O colega parece meio timido, mas eh gente boa e aos trancos e barrancos tentamos trocar umas ideias nessa tal de Deutschesprache.
Eu ainda me sinto meio gato escaldado, na sexta-feira decidi lavar minha roupa (sim! Tenho maquina de lavar e secar roupa dentro de casa… e agora pasmem: maquina de lavar louca tambem! Tudo muito limpo e organizado, me da ate um pouco de medo). Pedi ao rapaz que me orientasse nos procedimentos (como dona de casa eu sou uma otima amiga), ele so pediu que deixasse a janela do banheiro aberta. Deixei. E sai. E me esqueci. E voltei tarde. E passei parte da noite lembrando do meu descuido. Ao chegar percebi que ela estava fechada.
Pronto. Tive meu primeiro sonho em alemao. O pavor eh tanto de acabar sendo “expulsa” de casa (porque a coisa se resolveu tao melhor do que o esperado – ate agora, melhor nao falar muito) que sonhei que meu vizinho de quarto, doravante denominado Nico, havia me deixado uma mensagem no cellular, que nao entendi completamente, mas o contexto era algo do tipo: muito legal voce estar morando aqui, fico feliz que possamos conversar, mas alguns detalhes precisam ser ajustados, tu nao pode ir deixando a janela do banheiro aberta desse jeito, temos que manter uma certa ordem e bla bla bla. No dia seguinte a duvida: sonho ou verdade?!? Fui correndo pedir desculpas, a resposta veio numa risadinha e um tapinha nas costas: “bem capaz, nao da nada”. (era sonho mesmo… eu acho).

E falando em banheiro, desenvolvi “meio que por acidente” uma tecnica de aproximacao e “familiarizacao” com as colegas. Nao bastasse o estranho a elas que ja faco no banheiro como escover os dentes e gargarejar, a pessoa simplesmente esqueceu de trancar a porta (ja contei isso?). Estou eu sentada, em certa constrangedora posicao, quando entra uma colega (que sempre foi muito simpatica) e abre com vontade a porta do querido toillete. Sorri, como de costume (eu nunca sorri, agradeci, pedi desculpas e licenca tanto quanto nesses ultimos meses, deve ser 80% do meu vocabulario, mas preciso parar com as “desculpas”, talvez aos pouco com o passer do tempo e o passar do medo). Resultado: nunca mais encontrei a moca. Acho que nessa cultura o pessoal eh um pouco mais fechado, a aproximacao nao rolou e minha “tecnica” foi, literalmente, por agua, ou melhor, descarga a baixo.

E falando em tecnica, ainda estudo como abordar o povo aqui, ate agora conclui que eh mais ou menos assim:
1 – se voce precisa de um servico e havera na conversa detalhes importantes ou uma certa argumentacao, nao diga uma palavra em alemao. Basta apresentar uma frase e eles sacaneiam. Presumem que voce fala o idioma, colocam a rotacao na velocidade maxima e disparam tanta informacao quanto necessario para que se fique tonto e faca besteira ou vire gago.
2 – se voce quer agradar alguem simpatico entao se esforce, patine, erre, mas mostre que se interessa em aprender
3 – e se for pra mandar a merda mesmo, engate o portugues a mil e pague na mesma moeda a grosseria (isso nao fiz ainda, mas vontade nao faltou).

Da serie “mifu”:
* Eu e o meu ticket „me-dei-bem-posso-viajar-por-diversas-cidades“ passeamos tanto quanto possivel nesses meses e fomos muito felizes juntos, ate que o tempo nos separou. So que pra variar eu me atrapalhei. Pela primeira vez em alguns anos eu nao trabalho diretamente com prazos e datas, e foi tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que abandonei o calendario. Pois que estava certa de que ainda tinha alguns dias para comprar um novo ticket, em vista de que o meu vencia dia 10 de agosto, terca ou quarta-feira, pensei eu. Ledo engano. No domingo de noite, semi-longe de casa, descubro que era dia 10. Decidi testar meus dotes artisticos, ensaiei, pensei e repensei mil desculpas caso fosse fiscalizada no trem na proxima manha, afinal de contas, chegando aqui na minha cidade no dia 11 eu ja compraria meu novo ticket mensal.
Cinco e meia da manha peguei a primeira conducao e tudo correu muito bem. Na segunda, por volta das seis e meia da manha, apareceu a “simpatica” alema pedindo minha passagem. Tremi um pouco, mas entreguei o que eu tinha. A resposta foi rapida e grossa: nao vale mais. Eu inventei de falar algo em alemao (ver regra numero 1 acima) e ai nao teve mais volta. Me fiz de surpresa, tentei explicar, fiz „zoinho“ pra ela, mas nada adiantou. Ela falou falou falou (nada que fizesse sentido pra mim) pediu meus documentos e eu ja nao entendi mais nada… quando recebi a multa de 40 euros ficou tudo muito claro, mifu! Okay, eu tinha ido no show do The Killers por 19 euricos (show que perdi no Brasil e Argentina por ser muito caro), atras da cathedral de Köln, com direito a fogos de artificio e tudo mais. Ja ta na hora de introjetar que por aqui, mais do que em qualquer outro lugar, realmente o barato…

* Decidi mandar SMS´s pela internet (tava quase sem credito no meu cel chinelo e consumista). Achei um site que mandava para todas as operadores. Logo pensei: olha soh, que modernidade, pelo menos isso funciona e eh facil por aqui. Coloquei meu numero de telephone e imediatamente recebi uma mensagem com uma senha para seguir o processo. Fui logo dando andamento e obviamente nao li a mensagem por inteiro. Segundos depois outra mensagem avisando que meus creditos acabaram de vez. Voltei para a primeira mensagem (a da senha) e vi que eu havia “comprado” o servico desse site a 3,99 euros por semana. Bateu o pavor e comecei a pensar como desfazer o “malfeito”. Mandei e-mail, telefonei e fui teclando numerozinhos de acordo com a minha intuicao e pequeno entendimento alemao. Que meda, tendo a me dar mal nessas. Mas dessa vez deu certo e cancelei o “contrato”. Fiz um e-mail EM INGLES e disse que nao entendia NADA de alemao e nao sabia como isso tinha acontecido e queria meu dinheiro de volta. Deu certo. E viva a regra numero 1!

3 comentários:

Unknown disse...

ahahahhaa
Consegui te imaginas dormindo dentro do trem e uns pentelhos te enchendo.. Imagino o bom huor que vcdeve ter ficado!!!
Saudades lindona
Bjosss

Coisa de guria disse...

Oi Paty!
ótimo dar risadas no trabalho denovo com as tuas histórias. É isso aí guria, força na peruca!
Nada é por acaso, tudo faz parte do processo e por aí vai...
Fico na torcida por ti, já morei fora e sei como é foda passar perrengue. Mas a gente aprende, cresce e evolui, coisas q nenhuma mastercard faz por voce :)
Segue firme e forte na luta!
Beijos
MILI

Luciana Saraiva disse...

Amaaaada! Imagino o desespero que tá tá passando aí com esses "alemon"! Eu apoio sempre a opção de quando eles não forem muito simpáticos, sai xingando em português mesmo, para não ficarem pensando que brasileiro é tudo alegre, felizinho! hahahaha
MEGA saudades, depois te mandarei um e-mail com noticias!
Love u!
Beijão