segunda-feira, 28 de julho de 2008

E se instalou o caos

Escrito no domingo, 27 de julho de 2008

Esta difícil de dar jeito na minha garganta. Foi um pote de mel, chas intermináveis, gargarejos de salmora (se as minas me olhavam estranho no banheiro por escovar os dentes, imaginem agora que a pinta fica gargarejando, mas nem to...). Mas eis que coloquei na cebeca que não seria preciso medico e nem mais remédios. A coisa tava quase “boa” (sendo bem otimista) e eu toda animada pro findi. Esperando o trem pra ir para o centro no inicio da tarde de sexta, após o trabalho, ouvindo meu radinho, veio a previsão do tempo: temperaturas altas, variando dos 27 aos 31 graus, sol e Gewitter. No meu intensivo de julho teve um capitulo sobre clima e tal, eu definitivamente deveria ter prestado mais atenção. Lembrei já ter ouvido falar nisso e logo pensei: vai ser tão quente que vai ter serração ou se pa ate seja que nuble por causa do mormaço... Eis no que deu querer entender as coisas no contexto. E pelo caminho mais torto eu fui enriquecer meu vocabulário.

No sábado ensolarado teria eu uma festa de aniversario e despedida em uma cidade vizinha, festa temáticapraiacom direito a piscina etc e tal, mas so no final do dia. entrando no clima coloquei shorts, rasteirinha, blusinha (mas levei um casaquinho) e pro centro fui de novo, me levar para almoçar fora e ver itens a serem consumidos (por pura necessidade). Diversas vezes pensei que tinham errado a Loveparade por uma semana e tava ate achando um pecado isso. Pra acabar com minhas reflexões o vento começou a mudar, as nuvens começaram a escurecer, o sol desapareceu, trovoadas e relâmpagos por todo o céu. Correndo fui pegar o trem pra voltar pra casa. Quando saímos do “subterrâneopara as ruas da cidade eu vi a Gewitter: tempestade com direito a granizo e tudo. “Aerolitos” de gelo caiam e por vezes o trem teve que parar e as luzes apagavam, voltavam, piscavam e eu então decidi não descer na minha estação. Durante um tempo dei banda de trem pra la e pra ca, ate que achei que não tava diminuindo e correndo fui pegar o ônibus. De pés descalços correndo pela rua cheguei ate o busao onde mais um casal tentava entrar. O motorista, com toda sua delicadeza, humanidade e boa vontade simplesmente não abriu a porta, e na chuva ficamos.

Apareceu um segundo ônibus, esse maisgentenos abrigou. Por duas horas e tanto fiquei dentro do ônibus que não andava. Dormi, acordei, dormi, acordei... pelas tantas houve uma movimentação e o casal desceu. Eu tentei conversar com o motorista, mas so pude entender que não tinha como andar, ele me perguntou onde eu estava indo e me aconselhou a encarar na pernada.

Com a chuva mais fraca eu me fui. Logo adiante entendi: um pedaço da ponte tinha caído, o rio transboradava, carros eram levados pela enchente, arvores e placas arrancadas bloqueavam calcadas, crianças choravam, bombeiros e policia por todo lado. E eu pensando na minha garganta, sem mais sentir meus pés que haviam congelado quase que com todo o meu resto... tive que quase nadar, pular obstáculos, escalar arvores e consegui chegar do outro lado (onde estava minha maquina fotografica num hora dessas?). Descobri um suuuuper atalho pra casa, se da pra chamar isso de pelo menos um ponto positivo... Quando cheguei fui tentar ir no supermercado (como planejado) porque comida não tinha mais... piffff, TUDO alagado, super fechado, pessoas ilhadas, mais carros e bicicletas flutuando, bombeiros drenando, sirenes tocando e no meu prédio: TODOS os quartos do primeiro andar foram alagados, as pessoas com água pelas canelas tentavam varrer a água e salvar o que podiam.

Agradeci por morar no ultimo andar (e tantas vezes me irritei com a subida de escada...) e subi correndo pra tomar uma banho quente e trocar de roupa. Hahahahaha não temos água quente, nem Internet, nem televisão, mas pelo menos temos energia.

Pensei em desistir da festa, afinal tinha um mar na frente da porta do prédio e correnteza nas ruas. Mas ra, ate parece. Dei uma tapeada, desisti do biquíni e shorts, coloquei blusão e manta, peguei uma toalha, mochila, meias extras, minhas botas (obrigada Senhor por ter trazido as botas de inverno que pareciam fazer o menor sentido). De pés descalços atravessei o alagamento de novo e hoje devo estar estampada nos jornais da cidade. Deixei cair uma bota na correnteza e sai correndo atrás enquanto um cara, de algum veiculo de mídia, fotografava uma abobada com água nos joelhos, lutando com mochila, bota, guarda-chuva, etc e tal.

Cheguei na festa depois de 10.853,25 horas e tentativas frustradas de transporte (tudo bloqueado, metro alagado): a piscina era térmica. Temperatura da água: 28 graus. E eu sem água quente em casa... ah, eu nem queria mesmo.

Nem preciso dizer que acordei queimando em febre, mas me comovi com as pessoas ainda colocando todas as suas coisas pra secar no sol. Consegui uns remédios e suei toda a minha febre. Comecei a pensar a estratégia do banho. Banho de gato, de balde, de paninho... bom, tem um biriri aqui interessantíssimo pra esquentar água. Pratico que , se presta para chá, chimarrão, salmora e banho! Aqueci a água nessa espécie de chaleira elétrica (uuuuuhhhh).

Tem também um piso estranho no box. Desde que cheguei me pergunto para o que serve, não eh uma banheira (longíssimo disso), mas eh altinho, pequeno e tem certa profundidade. Não tive duvida e achei serventia pra bizarrice. Enchi aquilo de água quente e fria, fiquei com a chaleirinha do lado e ridiculamente tomei o meu banho.

Saindo do banheiro ouvi aquele barulho de água.. chovia novamente. Não ta dando assim, tão de sacanagem...

E o pior, as coisas das pessoas estavam no “sol pra secar”, se fud****. Falei... nãonada que não possa ser ainda pior, ou melhor...

E como eles dizem: depois da tempestade vem a bonança. Pois que se for proporcional essa vai ser das boas, então espero.

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